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A Desliga - Associação de Promoção da Cidadania Digital compromete o seu trabalho no âmbito da sensibilização das crianças, adolescentes, pais, encarregados de educação e educadores/professores para um uso adequado das tecnologias. Ademais, visa inteirar o seu público-alvo de como o online pode ser prejudicial ao bem-estar e saúde, pela disponibilização de informação elucidativa dos malefícios e benefícios do “mundo virtual” e pela promoção de estratégias a adequar nas diferentes esferas de vida da criança, sobretudo, em casa e na escola.

São notórios os benefícios do tecnológico que, na última década tanto nos tem facilitado a permanência no “mundo real”. Mais correntemente são enaltecidos os aspetos positivos e negligenciados os malefícios que podem advir desse avanço arrebatador da nova Era. Embora compreensível pelo uso diário e constante que fazemos dos nossos equipamentos, não devemos descurar a outra “face da moeda”.

Desde cedo se inicia o contacto com os equipamentos eletrónicos, algo desaconselhado por diversas entidades mundialmente reconhecidas como a Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta entidade salienta que, até aos 5 anos, as crianças não devem ser expostas por muito tempo aos ecrãs, mas brincar ativamente no “mundo real” para um desenvolvimento saudável. Frisa que os ecrãs não são recomendados até 1 ano de idade e entre os 2 e 3 anos não devem despender mais do que 1 hora por dia (WHO, 2019).

O equipamento que acompanha todos os passos de cada um de nós diariamente é o smartphone. Este permite que, em qualquer lugar, hora ou circunstância se esteja conectado ao “mundo virtual”. Podemos não só comunicar como estar no online, seja para uma pesquisa rápida ou numa app. Conquanto, as redes sociais são os aplicativos mais presentes neste equipamento e com maior influência no bem-estar. Grande parte dos jovens visita diariamente as suas contas de social media, com uma permanência no online que pode chegar até 5 horas por dia (Boak et al., 2018).

Segundo a literatura, os smartphones e as redes sociais são as principais fontes que desencadeiam sofrimento mental, manifestação de comportamentos autolesivos ou mesmo o suicídio de jovens. No Canadá, em 2013, a percentagem de jovens afetados psicologicamente por este equipamento e apps era de 24% com um aumento para 39% em 2017, sendo de maior relevância no sexo feminino (Boak et al., 2018; Twenge, Joiner, Rogers & Martin, 2017).

As crianças não apresentam literacia digital não tendo capacidade para analisar a informação, distinguir o virtual do real e deter uma visão crítica sobre o conteúdo. Ademais, não se preocupam com a veracidade dos conteúdos a que estão expostos nos media (Dumitru, 2020). Neste sentido, o maior número de horas passadas frente aos ecrãs maximiza a exposição aos perigos desconhecidos do online.

A Unicef (2019) alerta para o risco da desinformação, acesso a conteúdos inadequados e a invasão da privacidade que se pode agravar perante o não controlo e acompanhamento destes utilizadores mais novos por parte de um adulto. Fica assim aberta a “porta do submundo” do cibercrime como cyberstalking, sexting, hacking (Wissink, et al., 2023), phishing, grooming, cyberbullying, entre tantos outros crimes praticáveis no mundo virtual.

O cybercrime constitui um forte fator para o desenvolvimento de perturbações, nomeadamente, perturbação de stresse pós-traumático, depressão, ansiedade, problemas de autoestima e confiança, ou mesmo problemas ao nível do sono. O sexting é o crime praticado maioritariamente contra o sexo feminino e muitas vezes na sequência do término de uma relação, extrapolando a barreira virtual/real, sendo mais comum na fase da adolescência (Bates, 2017; Wissink, et al., 2023).

No entanto, a afetação preocupante da higiene do sono não só é consequência de más experiências no online, como também deriva do excesso de horas passadas nos ecrãs. Tal repercute nas aprendizagens dos alunos com uma diminuição do número de horas que dormem por noite em detrimento do consumo das redes sociais (Sampasa-Kanyinga, Hamilton & Chaput, 2018).

Segundo os dados nacionais do projeto do Net Children Go Mobile (2014), por volta dos 12 anos as crianças portuguesas recebem um smartphone. Do total de 501 crianças e jovens portuguesas deste estudo, entre os 9 e 16 anos, 35% assume utilizar diariamente o seu smartphone, sobretudo em casa e na escola. Ademais, aos 9 anos admitem já deter uma conta Facebook e aos 11 anos de idade no Instagram (para mais informação consultar: www.netchildrengomobile.eu ).

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